quinta-feira, 29 de outubro de 2009

NO MORRO DA JAQUEIRA




Era fim de dia no morro da jaqueira.Os moleques corriam pela feira, os feirantes vendiam os seus produtos.
Não havia um sequer que estivesse bem vestido, não havia um sequer cuja vida fizesse sentido.
Todo mundo vivia a suar, o troco de hoje a vida não podia pagar.
É assim no morro da jaqueira.
E aqui vive gente encrenqueira, um povo que não trabalha e vive de atrapalhar a comunidade inteira, tem um tal de Zé Caveirão que rouba que mata e pra quem ninguém diz não.
Mas é morro da jaqueira, de uma vida pederneira.
Quem reza, reza pouco, pede no sufoco pra sair do morro da jaqueira.
O governo já disse que o morro é problema social, que o povo da jaqueira coloca o Brasil mal, que agente só serve pra descer o nível social.
Eu nasci foi na jaqueira.
Essa fruta espinhosa por fora, gordurosa e melosa por dentro, mas que a fome de uma família inteira.
Ai se eu tivesse nascido em terra estrangeira, tivesse estudo e trabalho e não vivesse de descer a ladeira, mas a vida ainda é verdadeira e amanhã é dia feira.