sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O MONSTRO GRANDE

 

Foi em 1933, eu estava sentado tomando um café e comendo umas torradas. Ao longe  o vento soprava calmo, e um mato verde soltava no ar um cheiro refrescante.

O sol não estava no céu, tudo estava coberto de densas nuvens, algumas com tom de cinza, outras com formas de animais.

Meu cachorro perseguia algumas penas, que levadas pelo vento, causavam-lhe tremenda hostilidade. Caça.

Tudo colaborava para o sono,…

Foi aí que me irrompeu aos ouvidos, um som que nunca ouvira, muito vagabundamete poderia compará-lo com o som do vento urrando contra as rochas. Evidentemente, que o som do vento nas pedras causa uma paz profunda, diferentemente do que eu ora escutava. Som de tormento.

Ao ouvir tal som, iniciou-se dentro de mim um debate interminável, minha razão medrosa, brigava contra minha emoção descuidada, e, a minha experiência, que nada mais é do que o nome que eu resolvi dar aos meu erros, dizia-me para fingir me de morto.

Derramei o café no chão, e joguei-me sobre ele, de olhos fechados e respirando muito vagarosamente. Sempre tive um talento nato para ser defunto.

O som se aproximou, chegou perto de casa, bateu na minha porta, mas aparentemente não me viu,  de modo que ali permaneci, horas, talvez dias,..

Não sei dizer bem, só não me lembro de ter tanta barba no meu rosto, e no final, acho , melhor, tenho por certo que dormi profundamente.

Muitos anos mais tarde, lendo um livro de biologia, no capítulo de animais exóticos, acebei descobrindo que ser me visitara naquele dia.

Era um monstro muito grande, raro e extremamente procurado por ser muito , muito valioso,.

Se tratava da besta chamada felicidade.

Passei a vida sem ser visitado por ela, quando finalmente fui contemplado, minha covardia cobrou-me a chance.

Até hoje fico tomando café, e tentando recriar o cenário daquele dia, na busca de poder fazer-me isca para a felicidade.

Quisera eu ter a honra de por ela ser devorado.