quarta-feira, 7 de outubro de 2009
O PARDAL
HAVIA NUMA VILA DE PLANTADORES DE CENOURA UM MENINO DE UM OLHO SÓ. SEU NOME ERA SORANO E ELE VIVIA A OLHAR OS CÉUS. NASCEU NORMAL, PERFEITO, CONTUDO, AOS 5 ANOS SAIU PASSEANDO SOZINHO PELA VILA; GRITOU, ACORDOU NUMA CAMA, AOS CUIDADOS DE UMA VELHA DESCONHECIDA. TODAS AS MANHÃS ACORDAVA CONTADO SONHOS. SONHOS COM NUVENS, SONHOS COM MATAS, SONHOS COM VILAS AOS QUAIS ELE NUNCA FORA, SONHOS COM PESSOAS AS QUAIS NUNCA CONHECERA. SORANO TINHA UM MEDO ENORME DE GATOS, COBRAS, AVES DE RAPINA E PREDADORES DE PEQUENOS ANIMAIS. CERTA MANHÃ SORANO ACORDOU CHORANDO, LÁGRIMAS DE UM OLHO SÓ. SONHOU COM UMA CAMPINA, CHEIA DE HORTALIÇAS E EM ESPECIAL UM CAMPO DE CENOURAS, NADA DE NOVO, EXCETO PELO SOM DE UM TROVÃO E UM CUSPE COMO DE FOGO. DESDE ENTÃO, SORANO, SÓ SONHA COM COISAS DA TERRA. ELE NÃO SE LEMBRA, MAS, EU ESTAVA LÁ. VÍ QUANDO ELE CAIU EM CIMA DE UMA ARAPUCA, FUROU UM OLHO; O ACIDENTE LIBERTOU UMA AVE, UM PARDAL, QUE FUGIU VOANDO. O OLHO QUE SORANO PERDEU, LIBERTOU O PARDAL, QUE SE SENTIU GRATO.
O PAI DE SORANO, ODIAVA OS PARDAIS, QUE ARRUINAVAM OS QUINTAIS E METIAM O BICO EM TUDO QUANTO FOSSE HORTA.
MATOU O PARDAL, QUE LHE DEVORAVA AS CENOURAS RECÉM COLHIDAS, CEGOU SORANO DO OLHO CELESTIAL.
SORANO ATÉ HOJE OLHA PARA OS CÉUS, COMO QUEM SENTE SAUDADE DE CASA.
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