Num apartamento apertado vivia Aline.
Sonhadora e leve como um suspiro, Aline vivia com os pés na terra e a mente nos céus; diziam todos que ela era burra.
Nunca soube nada e de tudo que aprendeu esqueceu mais da metade, era muito educada e possuía uma erudição única, contudo, os saberes seus de nada adiantavam, de nada lucrava e de nada construíam.
Aline era como um travesseiro meio vazio, cheiro de camomila e cores meio apagadas.
Se não tivesse nascido gente, teria sido uma brisa de primavera ou um dente-de-leão voando nos ares.
Aos 5 anos de idade Aline ouviu um som desconhecido, era um gemido agudo e longo, triste como só a vida pode ser.
Foi paixão à primeira ouvida, não dormiu bem por muitas, desejosamente atormentada pela paixão que aquele som lhe produzia.
Deitava e sentia um comichão lhe correr a espinha, só de reproduzir mentalmente o som que tanto amava.
Num certo fim de tarde, voltando da costureira, Aline voltou a ouvir os gemidos musicais de sua paixão, contava então 12 anos, e, de pronto perseguiu o som, com a avidez que os corações apaixonados têm.
Descobriu o nome de seu eterno amor: violino !
Chorando copiosamente, pediu ao dono do instrumento que lhe permitisse abraçar o violino.
Abraçou e amou cada pedaço daquele instrumento, sentiu a textura lisa e fria da madeira, o cheiro das cordas e as cores de cada veio da madeira.
Era como se ela fosse de madeira e os seus dentes de marfim, as tripas os cordames e tudo lhe fosse música desde o principio.
Comovido o dono do violino disse:
- tente tocar !
E ela tentou, e para surpresa de todos, menos do violino, tocou lindamente, vibrando com seu corpo a cada nota trêmula que produzia.
O dono do violino disse:
- pode ficar com ele, você é que devia ser dona dele !
Aline de sobressalto beijou o dono do violino e correndo em lágrimas de alegria, saiu contente rumo à sua morada.
Cruzou uma rua e mais 2 quadras, tudo estava mais lindo do que nunca, até os mendigos pareciam mais bonitos.
Um disparo .
Aline morreu, vítima do instrumento musical de um PM, um homem de 45 anos, frustrado com seu instrumento, o 38, irado por ser um fracasso na música.
Aline foi enterrada com seu violino.
Dizem que de noite, perto de seu túmulo, o vento sopra as melodias de Bach.
Caracas diegão, que trágico!!! =o
ResponderExcluir- Mensagem subliminar né huashusahush ontem nos desvendamos o que na vdd vc quis dizer com esse texto, vc hein primo kkkkk mas ficou massa o texto.. final triste, mas o mundo não anda msmo sorrindo ultimamente.!
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